Troca de ataques entre Irã e Israel aumenta tensão no Oriente Médio
Após bombardeios israelenses, Teerã lançou ondas sucessivas de mísseis contra Israel. Conflito entre os países ganha novos contornos
atualizado
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O conflito de longa data entre Israel e Irã ganhou novos contornos na noite da última quinta-feira (12/6) (horário de Brasília), quando o exército israelense realizou ataques em território iraniano. Em resposta, o Irã lançou uma ofensiva contra Israel durante toda essa sexta-feira (13/6), aumentando a tensão no Oriente Médio. A troca de ataques entre os rivais históricos entra no segundo dia, já contabilizando dezenas de mortos e feridos.
Início do conflito
- Na noite de quinta (12/6), as Forças de Defesa de Israel realizaram uma ofensiva em território iraniano, atingindo dezenas de alvos.
- Explosões foram registradas em Teerã, Tabriz, Isfahã, Kermanshah e Arak.
- Segundo o governo israelense, o objetivo era frear o avanço do programa nuclear do Irã, que, segundo alegações, acumula material suficiente para produzir várias bombas nucleares.
- O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que Israel não permitirá que o Irã desenvolva armas de destruição em massa.
Na quinta, o exército israelense informou ter atacado duas bases da força aérea iraniana, usadas para operações com mísseis e drones. Segundo as Forças de Defesa de Israel (IDF), os alvos foram a base aérea de Hamadã, no oeste do Irã, e a base aérea de Tabriz, no noroeste, identificada como um centro de lançamento de mísseis superfície-superfície.
Durante a ofensiva, dois dos principais líderes militares iranianos, Mohammad Bagheri e Hossein Salami, foram mortos, de acordo com o governo israelense. Em resposta, o Irã lançou uma série de mísseis balísticos contra o território israelense em três sessões distintas.
Ataques do Irã a Israel
Na tarde dessa sexta-feira (13/6), a resposta do Irã veio. O país atacou Israel com centenas de mísseis. Pelo menos duas pessoas morreram e há dezenas de feridos, de acordo com o jornal The Times of Israel.
Segundo a mídia estatal iraniana, os ataques tiveram como alvo centros militares, bases aéreas e, possivelmente, o Ministério da Defesa em Tel Aviv. De acordo com o comandante do Corpo de Guardas da Revolução Islâmica (IRGC), Ahmad Vahidi, mais de 150 alvos foram atingidos em território israelense, incluindo a base aérea de Nevatim. Até o momento, o governo de Israel não confirmou oficialmente as informações.
A ação iraniana foi batizada de “Operação Verdadeira Promessa 3”. Segundo o embaixador do Irã na Organização das Nações Unidas (ONU), Amir Saeid Iravani, o ataque israelense deixou 78 mortos e 320 feridos em território iraniano, a maioria civis, segundo dados apresentados em reunião de emergência do Conselho de Segurança.
Vídeos compartilhados nas redes sociais mostraram mísseis atingindo Tel Aviv e furando o sistema de defesa aérea israelense.
Veja vídeo:
Israel e Irã não pretendem parar
Israel classificou sua ofensiva inicial como uma ação preventiva, alegando que o Irã representava uma “ameaça iminente’ devido ao avanço de seu programa nuclear. Após a retaliação iraniana, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, elevou o tom e classificou os ataques de Teerã como “hediondos”.
“O Irã ou dos limites ao ousar disparar mísseis contra a população civil nos centros de Israel. Continuaremos a defender nossos cidadãos e garantimos que o regime dos aiatolás pagará um preço muito caro por seus atos hediondos”, afirmou Sa’ar em pronunciamento oficial.
Diante da escalada, o governo israelense anunciou estar preparando uma nova resposta militar. Segundo o porta-voz das Forças de Defesa, Effie Defrin, o exército trabalha em um plano de ataque em fases, com possibilidade de duração de vários dias. O embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, reforçou que o país pretende manter as operações até eliminar, segundo ele, a capacidade nuclear do Irã.
Mohammad Pakpour, o novo comandante da Guarda Revolucionária, força ideológica das Forças Armadas do Irã, prometeu uma resposta dura aos ataques israelenses. Em declaração à agência estatal Irna, Pakpour afirmou que Israel enfrentará um “destino amargo e doloroso”, com “consequências imensas e devastadoras”.
“As portas do inferno em breve se abrirão para esse regime”, declarou o comandante, que assume o cargo após a morte de Hossein Salami, vítima do ataque israelense de quinta-feira (12/6).
Conflito se arrasta há décadas
A rivalidade entre Israel e Irã ganhou força após a Revolução Islâmica de 1979, quando o novo regime iraniano rompeu relações com Tel Aviv e ou a adotar uma postura abertamente hostil ao Estado israelense. Antes disso, os dois países mantinham relações diplomáticas e o Irã foi o segundo país islâmico a reconhecer Israel.
Após a revolução, o Irã se tornou um dos principais apoiadores de grupos como o Hamas e o Hezbollah, ambos considerados inimigos de Israel.
A partir daí, os dois países aram a protagonizar uma série de confrontos indiretos, numa dinâmica muitas vezes chamada de “guerra nas sombras”, com operações secretas, ataques cibernéticos e ações militares pontuais.